Educação Financeira I

O desconhecimento das regras básicas financeiras torna o brasileiro alvo fácil

Por Lincoln Pinheiro Costa 
 
De acordo com relatório divulgado pelo Banco Central do Brasil neste mês de junho, o endividamento das famílias brasileiras já atinge 34,8% de sua renda anual.

Esse elevado comprometimento da renda do brasileiro com o pagamento de dívidas nos possibilita diversas reflexões.

De início, deve-se afastar a explicação simplista de que o endividamento decorra dos baixos salários.
Na verdade, os mais endividados são aqueles que possuem elevada renda, considerada a renda média do brasileiro.

Considero a causa mais remota do endividamento a ausência de educação financeira, deficiência que atinge a grande maioria da população, inclusive pessoas com sólida formação intelectual.

O desconhecimento das regras básicas financeiras torna o brasileiro alvo fácil daqueles que querem seu dinheiro: o comércio e os bancos.

Em uma sociedade de consumo, como a nossa, maciças campanhas de marketing criam a necessidade no consumidor de comprar imediatamente bens que o mesmo não precisa e não pode, levando-o ao endividamento.
A compra a crédito nada mais é do que a antecipação do consumo: o consumidor compra agora aquilo que ele só poderia comprar no futuro, quando recebesse dinheiro.

Ocorre que a antecipação do consumo tem um custo elevadíssimo no Brasil, país com uma das mais altas taxas de juros do mundo.

Não estou aqui, caro leitor, sugerindo que você se torne um avarento como o Sr. Scrooge, o célebre personagem de Charles Dickens, e economize tudo que ganha.

O consumo é importante para a movimentação da riqueza e o crédito é indispensável ao desenvolvimento econômico.

A propósito, faço aqui um parêntese para lembrar que quando visitei Cuba há dois anos, país onde não existe crédito ao consumidor, um cidadão cubano que lá conheci me disse que gostaria de comprar uma televisão de plasma, mas que não tinha dinheiro para comprar à vista.

Disse a ele que no Brasil qualquer um pode comprar uma tv a crédito, mas paga duas e leva uma.

Ele me respondeu que preferiria pagar duas e levar uma a não poder comprar nenhuma.

Fechando o parêntese, o que estou a sugerir é que todos adquiram noções de finanças pessoais, de modo a conhecerem o quanto efetivamente desembolsam quando não resistem à tentação de poupar primeiro e comprar depois.

Voltarei a este assunto oportunamente.