Ranking do ENEM e golpe publicitário

Um hábito que cultivo diariamente e que recomendo a quem deseja ficar bem informado sobre assuntos financeiros é ouvir o comentário de Mauro Halfeld na Rádio CBN (www.cbn.com.br).

No último dia 23 de novembro Halfeld abordou o ranking do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – divulgado no dia anterior e alertou para o golpe publicitário de escola particular que, possuindo muitas unidades, reúne os melhores alunos de cada unidade em uma só, concede-lhes bolsa de estudo e, com isso, chega ao topo do ranking.

Os desavisados, olhando apenas o ranking, pensam que tal escola, que tem uma gorda conta publicitária, mantém excelência de ensino em todas as suas unidades, mas, na verdade, os alunos das outras unidades estudam em salas cheias e garantem o lucro da referida empresa de educação.

Halfeld não deu nome aos bois. Fui pesquisar e verifiquei que ele estava se referindo à escola que ficou em primeiro lugar no ranking, cujo dono, um dos maiores lobbystas do ensino privado no país, é conhecido por dar grandes gorjetas em restaurantes e frequentar colunas sociais.

Um seguidor que tenho no twitter (@claudioafn) me alertou que no mesmo dia o referido empresário da educação deu entrevista em um telejornal matutino de âmbito nacional sendo apresentado como exemplo de excelência no ensino.

E aqui chegamos a um ponto grave: quando a imprensa, a pretexto de fazer jornalismo, faz jogadas comerciais. No caso, retribuiu com matéria jornalística favorável a publicidade da escola particular.

Na Inglaterra, após o escândalo envolvendo um tabloide do magnata Rupert Murdoch, a comissão independente que estuda as práticas da imprensa britânica publicará seu relatório no próximo dia 29 de novembro, quando são esperadas recomendações e até regulamentação mais estrita dos meios de comunicação, a fim de se evitar novos deslizes éticos.

Na Argentina, aproxima-se o dia conhecido como 7D (sete de dezembro) em que o Grupo Clarín terá que fazer desinvestimento e entregar parte das concessões públicas que detém, de forma a se acabar com o monopólio que o referido grupo empresarial exerce sobre as comunicações no nosso vizinho do sul.

No Brasil, um jornalista foi indiciado em uma CPI por fazer parte da quadrilha de um bicheiro, recentemente condenado pela Justiça.

Em nossa coluna aqui no Fala Bahia e também na Rádio CBN de Salvador (a Força do Direito) temos um compromisso com a liberdade de expressão, a qual não pode ser cerceada de nenhuma forma. Tampouco contemporizamos com a manipulação da informação. Notícia não se vende e nem se troca!

Assim como repudiamos a manipulação da informação, repudiamos a mercantilização do ensino; defendemos com ardor a educação pública e gratuita.

A educação privada tem um peso de 4,37% no IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - e forte impacto no orçamento da classe média.

Por conseguinte, defender a educação pública de qualidade é contribuir para a redução da inflação e para a melhora da qualidade de vida do brasileiro.

Não custa mencionar que a educação é indispensável ao desenvolvimento econômico do país e o melhor caminho para o avanço civilizatório.

Defendemos, portanto, a destinação de 100% dos royalties do pré-sal para a educação.
Entre você também nesta luta. Convido-o a clicar no link abaixo e verificar os deputados que votaram contra a destinação dos royalties do pré-sal para a educação. Talvez você tenha votado em um deles.

http://mariadapenhaneles.blogspot.com.br/2012/11/confira-votacao-dos-royalties-do.html